quarta-feira, maio 15, 2024
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CPTM quer o fim dos ambulantes, mas usuários discordam

por: Redação

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Empresa diz que os vendedores informais lideram as denúncias recebidas dos passageiros por SMS, porém, usuários defendem as vendas nos vagões

Por Ingrid Miranda

Enquanto a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deu início a uma campanha que pede ajuda aos passageiros, orientando-os para que não comprem produtos de ambulantes, os usuários além de não concordarem, dizem que compram quando precisam, e também para ajudar.

Além da fiscalização, é possível ver pelas estações da Linha 8 – Diamante, e dentro dos trens, mensagens como ‘Não comprem’, ‘Se você não comprar ambulante vai acabar’ e ‘A venda dentro dos trens é ilegal. Não contribua com este crime’.

No início do mês, foi colocada uma placa na Estação de Barueri, pedindo para que os usuários não comprem produtos de ambulantes
No início do mês, foi colocada placa, no caso da foto na estação de Barueri, pedindo para que os usuários não comprem de ambulantes /Fotos: Barueri na Rede

Segundo a CPTM, os camelôs foram o principal motivo de queixas por SMS recebidos pela companhia. No primeiro semestre deste ano, a empresa afirma que recebeu 7.810 denúncias deste tipo, o que representa 38% do total de mensagens enviadas à área de Segurança por números de celulares. De acordo com dados da CPTM, nos cinco primeiros meses de 2018, foram realizadas mais de 20 mil autuações de ambulantes, com cerca de 800 mil produtos apreendidos.

Em contraponto, em uma conversa com o Barueri na Rede, Solange Almeida, que atualmente mora em Osasco, mas nasceu em Salvador, conta que se precisar de algo, compra dentro dos trens, principalmente pelo preço mais acessível. ”Eu sempre compro algo quando preciso. Não acho errada a venda. Os ambulantes estão certos e se estão aqui, nos trens, é porque precisam trabalhar, têm uma família para criar”, reconhece a passageira.

Em outro trecho da conversa, Solange diz que vê uma grande diferença cultural entre o comércio paulista e o baiano. “Lá na Bahia, as pessoas vendem de tudo em todos os cantos. Elas precisam daquela renda. E nós, moradores, compramos sem medo, o que precisamos, e quando precisamos. Sabemos que estamos ajudando uma pessoa como em qualquer outro comércio”, termina Solange.

Renata Jardim, moradora da cidade de Itapevi, conta que faz o trecho Itapevi – Júlio Prestes, todos os dias para ir trabalhar.”Assim que entro no vagão, principalmente quando estou saindo do trabalho à noite e com fome, a primeira coisa que faço é procurar por um vendedor de salgadinho, pipoca ou pururuca. Há umas três semanas atrás, presenciei uma cena que me cortou o coração. Os seguranças ao recolherem uma caixa de pururucas de um ambulante, pisaram em cima da caixa de salgadinhos”, conta Renata ao BnR.

Outra passageira, também de Itapevi, diz que usa os trens da CPTM com pouca frequência, mas que sempre que ouve alguém falando os contras de vendedores ambulantes nos trens, defende.”Eles não machucam, não maltratam e não mexem com ninguém. Estão apenas tentando ganhar o dinheiro deles, e sempre que posso, eu compro, até mesmo para ajudar”, conta a passageira Marta Rosa.

Ambulante, trabalhador informal

Jeferson Batista, de 19 anos, decidiu começar a vender pururucas no trem por já ter alcançado a maior idade e não ser aceito nas entrevistas de emprego que fez. “Não consegui emprego, só consegui terminar o ensino médio. Precisava de dinheiro, já tinha que ajudar nas contas de casa. Eu via pessoas da minha idade vendendo produtos no trem e decidi começar a vender pururucas.” afirma.

Enquanto o BnR conversava com Jeferson, ele permaneceu inquieto, olhava para os lados, atento para a presença de seguranças, e pediu para que não tivesse o rosto divulgado. “Não quero que divulguem meu rosto. Tenho medo que os seguranças me reconheçam quando eu estiver dentro do trem. Nunca fui agredido, só tive algumas vezes minha mercadoria apreendida. Quando isso acontece, me sinto oprimido, pois só estou tentando ganhar o meu dinheiro”, desabafa.

Mesmo com uma parcela de passageiros, que continuam comprando diariamente os produtos vendidos dentro dos vagões de trem, e de vendedores ambulantes, que tentam continuar disponibilizando suas mercadorias, a CPTM permanece com a campanha contra a venda dentro dos vagões, que pretende atender aos pedidos de queixas feitas por usuários via SMS.

 

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