quinta-feira, março 28, 2024
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Morre Sobrinho. Silêncio no Punk Rock

por: Redação

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Alexandre Thomaz, o Sobrinho, multi-instrumentista e figura de destaque na cena do rock local, foi encontrado morto em sua casa

A cena do rock barueriense amanheceu de luto, Alexandre Thomaz, o Sobrinho, foi encontrado morto na noite de segunda-feira, 14/11, em sua residência, no centro de Barueri. A causa da morte ainda não é conhecida. O corpo está sendo velado nesta terça-feira no Velório Municipal de Barueri e o enterro está marcado para as 15h30 no cemitério local.

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O punk corria nas veias de Sobrinho

Sobrinho ganhou esse apelido quando acompanhava uma apresentação da banda Hard Life, na zona norte de São Paulo. Um punk começou ameaçá-lo até que um dos integrantes da banda, percebendo, disse para o rapaz não mexer com o seu sobrinho. O apelido pegou a ponto de muitas pessoas desconhecerem seu nome. “Só soube que era Alexandre, quando a Baiana (namorada de sobrinho na época) foi busca-lo no bar Al Capone e chegou brava chamando pelo nome” relata Jay Rocker, amigo de Sobrinho e parceira de bandas.

Morador de Barueri, Sobrinho estudou no EE Myrthes T. A. Villela. Tinha 39 anos, era multi-instrumentista, escrevia e fazia arranjos, tocando em várias bandas: baixista de The Charlies e Rimas Sujas, guitarrista da The Sonic Rockers, baterista das bandas Human Beast e Ramones Cover. Era o atual baterista da banda Última Opressão.

Homenagem do amigo e parceiro Jay Rocker

Leia abaixo o texto de despedida que Jay Rocker, colunista do Barueri na Rede, escreveu para Sobrinho:

Era 1992? Não me lembro, mas num evento no Alphaville, onde diversas bandas punks faziam seu show, lá estava aquele cara, com cabelo arrepiado, visual Sid Vicious, agitando no meio da galera.

Várias bandas passaram por aquele evento na Drugstore, mas um cara ficou ali, no meio da agitação. Nós nos conhecemos nesse dia. Uau! Punk Rock 77! Empatia ao primeiro encontro. Anos de amizade, troca de informações, bandas apresentadas e no início dos anos 2000, eu entro em seu lugar no Sonic Rockers. Mas tempo depois, o ex-baixista volta para a banda como guitarrista. Mais anos de amizade.

Conheci muita banda boa com esse porra, a gente conversava após meses sem se ver, como se tivéssemos nos visto no dia anterior. Quantos shows juntos? Ramones em 94, Sex Pistols em 96, só para citar duas emblemáticas bandas do Movimento Punk.

Dia 11/11 – ele me manda uma mensagem dizendo que o disco do The Cars, Shake It Up, que eu insisto em não devolver, é um presente para mim e que o London Calling que emprestei é meu presente pra ele. Beleza, troca justa.
14/11/16 – eu o vejo como nunca deveria ter visto. Sim, sou um dos primeiros que entraram em seu quarto, junto com o Rogerio Ansaloni, que chegou antes, e vejo algo que não esquecerei tão cedo.

Nunca vou julgar a atitude. Certo ou errado, quem sou eu para definir? Triste, sim. Desnorteado e até agora sem dormir, acompanhado de um Chivas, tentando entender o que aconteceu.

Vai-se um amigo, um pedaço da história do rock barueriense, um irmão sem laços consanguíneos, um cara que mais ensinou que aprendeu, uma inspiração, uma pessoa do bem.

O mundo agora está mais triste, mas o que me conforta é saber que sou um dos afortunados que puderam chamá-lo de irmão. Vai em paz, anjo punk. Vai em paz, meu irmão. Vai em paz, seu arrombado. E que a terra lhe seja leve.

A tristeza é inevitável. O sofrimento é opcional. Estou triste, mas não questionarei sua decisão, seu porra. Mas ainda queria aquela cerveja, aquele som, aquela jam sessiom e todos aqueles momentos que ainda iam chegar,

Vai em paz, Alexandre Thomaz. Vai em paz, Sobrinho!

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