sexta-feira, março 29, 2024
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Mistério envolve segundo caso de febre amarela na cidade

por: Redação

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Paciente foi diagnosticado no início de março, mas até agora não se sabe como ele contraiu a doença

Desde o último dia 18 de fevereiro, caso de homem diagnosticado com febre amarela em Barueri segue sem explicação. Alex Dias Andrade, de 36 anos, tomou a vacina, teve os sintomas da doença, foi diagnosticado como infectado, mas mesmo após um mês da divulgação do resultado do exame, ainda não se sabe ao certo como ele contraiu febre amarela. Esse é o segundo caso na cidade (relembre o primeiro aqui).

Morador da Vila Ceres, Alex tomou a vacina contra a febre amarela no dia 18/1 na UBS Pastor José Roberto Rossi. No dia 13/2, mais de 20 dias após ser imunizado, ele começou a passar mal. Segundo a esposa, Leidiane Aparecida Gonçalves Andrade, algum mosquito picou Alex enquanto os dois estavam em uma sala de cinema no Parque Shopping Barueri.

Como já tinha tomado a vacina, não houve preocupação. Mas, no mesmo dia, ao chegar em casa, Alex começou a ter febre de 39 a 40 graus. Ele e Leidiane, no entanto, acharam que fosse um quadro viral. Como não houve melhora, a casal foi ao Pronto Socorro Central (Sameb) nos dias 18/2 e 21/2, onde levantou-se suspeita de dengue. Alex realizou exame de tuberculose, mas deu negativo.

Com o quadro clínico sem alteração, Leidiane não queria mais levar o marido ao Sameb, já que chegando lá, havia uma demora de até quatro horas para ser atendido e mais uma hora para ser medicado. Eles procuraram então a UBS da Vila Ceres, onde Alex vinha sendo acompanhado desde então.

Resultado de exame constatou que Alex é reagente (deu positivo) para febre amarela/Foto: Arquivo pessoal
Resultado de exame constatou que Alex é reagente (deu positivo) para febre amarela/Foto: Arquivo pessoal

No dia 27/2, foi colhida sorologia para diversas doenças, como leptospirose, chikungunya, zika, febre tifoide e febre amarela. O resultado saiu no dia 20/3 e constatou que Alex é reagente a febre amarela. Desde então, médicos da cidade tentam decifrar o que infectou o paciente.

Caso é incomum, segundo infectologista

O Barueri na Rede procurou um infectologista para falar sobre o caso. Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que Alex pode ter tido uma falha vacinal, já que a vacina contra a febre amarela leva de 10 a 15 dias para começar a proteger o indivíduo, mas os sintomas do paciente apareceram 25 dias após a imunização. “Ele pode ter tomado a vacina, ela ter falhado e Alex ter contraído febre amarela selvagem (vírus natural)? Pode, mas pouco provável”, afirma Renato.

Outra possibilidade levantada pelo infectologista é de que a sorologia de febre amarela é um reflexo da vacina. Alex pode ter tido um quadro viral, mas a sorologia positiva deu-se por conta da recente vacinação dele. “Então o resultado que ele teve pode não ter nada a ver com febre amarela”.

Além dessas duas hipóteses, Renato Kfouri ainda levanta outra, a de Alex ter contraído o vírus vacinal tardio, que ocorre quando a pessoa toma a vacina e ela infecta o indivíduo. “Ele está tendo uma reação agora, o que não é tão comum – já que isso ocorre em menor tempo, de 7 a 10 dias – mas até 42 dias é possível. Não dá pra descartar fechar o caso antes de 42 dias”, explica.

Ainda de acordo com Renato, o ideal para descobrir a causa da sorologia positiva seria fazer um PCR (Polymerase Chain Reaction – reação em cadeia da polimerase), que é encontrar o vírus da febra amarela no genoma de Alex e identificar o motivo. “Inclusive, pode-se sequenciar esse PCR e saber se o vírus é vacinal ou selvagem (natural)”, conclui.

Sintomas continuam…

Alex
Alex perdeu 16kg desde fevereiro, quando começou a sentir os sintomas/Foto: Arquivo pessoal

Ainda sem um diagnóstico preciso, Alex continua padecendo com os sintomas da doença, com febre, dores nas articulações e perda de peso. Segundo a esposa, ele perdeu 16 kg. Antes, Alex pesava 97 kg e hoje está com 81. “Só sei que depois da vacina e da picada do mosquito [no cinema], meu marido não é mais o mesmo”, desabafa Leidiane, que tem três filhos com Alex. Ela ainda revela que foi marcada uma consulta com um infectologista somente para o dia 26/4.

Secretarias de Saúde

O BnR procurou a prefeitura para falar sobre o caso. No dia 23/3, antes da resolução da sorologia, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Secom, enviou a nota afirmando que o caso de Alex estava sob “rigorosa e atenta investigação, inclusive com o acompanhamento dos médicos da UBS”. A nota ainda dizia que “os sintomas não aparecem poucas horas depois da picada do mosquito, nem mesmo em poucos dias. Existe um período de incubação de 3 a 6 dias após a pessoa ter sido picada, conforme literatura”.

Após o resultado da sorologia, no dia 28/3, a prefeitura enviou nota afirmando que na tarde do dia 27/3 “chegaram os resultados dos exames realizados no paciente Alex Dias Andrade, sob suspeita de febre amarela após ter sido vacinado. Os testes deram negativo para febre amarela”, e concluía informando que “de qualquer forma, o paciente continua sob os cuidados atentos dos profissionais da Saúde de Barueri”.

O BnR ainda acionou a Secretaria de Saúde do estado em duas oportunidades, e em ambas foi informado que desconhecia e não havia sido notificada de nenhum caso de febre amarela em Barueri. De acordo com a secretaria, é de responsabilidade do município informar casos do tipo.

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